sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Meu Sonho (Cecília Meireles)

Parei as águas do meu sonho
para teu rosto se mirar.
Mas só a sombra dos meus olhos
ficou por cima, a procurar...
Os pássaros da madrugada
não têm coragem de cantar,
vendo o meu sonho interminável
e a esperança do meu olhar.
Procurei-te em vão pela terra,
perto do céu, por sobre o mar.
Se não chegas nem pelo sonho,
por que insisto em te imaginar?
Quando vierem fechar meus olhos,
talvez não se deixem fechar.
Talvez pensem que o tempo volta,
e que vens, se o tempo voltar.

1 comentário:

Porcelain disse...

Que lindo... estou a aprender imenso com o teu blog... este poema é extraordinário... senti isto que ela diz por tanto e tanto tempo... "procurei-te em vão pela terra, perto do céu, por sobre o mar... se não chegas nem pelo sonho, por que insisto em te imaginar?"...

Ser-se um sonhador é doloroso... está-se condenado à dor da frustração... mas talvez seja essa dor o preço que tem de se pagar pela concretização dos nossos sonhos... por se ir mais longe!! Sim, porque quem sonha vai sempre mais longe... e quem sonha acaba sempre por encontrar o seu sonho... é apenas uma questão de tempo... :-))