sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Eu (Florbela Espanca)

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!

1 comentário:

Porcelain disse...

Sabes que este é talvez dos poemas da Florbela Espanca que conheço aquele que mais me move... da primeira vez que li este poema fiquei profundamente impressionada... identifiquei-me profundamente... ser diferente é uma cruz... mas uma bênção também... e, sobretudo, uma missão... :-))

Adoro este poema... mesmo. Obrigada por mo relembrares.